A Anatomia do Recomeço
Há um tipo de silêncio que é mais barulhento que qualquer grito. É o silêncio de um corpo que parou. O meu parou em 2021, mas a alma, essa, começou a gritar de um jeito que eu nunca tinha ouvido.
Foi então que entendi a frase: “Se Eu Sumir, Não Se Preocupe, Estou Lutando Contra Coisas Que Não Te Contei.”
Naquela cama de hospital, eu estava sumindo. Minha força física, minha autonomia, minha rotina – tudo foi se esvaindo. E a luta era tão profunda, tão solitária, que não havia palavras para contar. Era uma batalha travada nos bastidores da minha própria existência. Um conflito silencioso contra o medo, contra a dor, contra a pergunta "por que eu?".
Mas algo curioso acontece quando a gente some por fora: a essência é forçada a vir à tona. E essa essência não sabia mais se conter. Ela encontrou uma saída não pela voz, mas pela caneta.
Descobri, então, o significado verdadeiro da catarse. Aprendi que catarse não é um termo de teatro; é a alquimia diária de quem transforma o chumbo da dor no ouro da palavra. Cada linha que eu escrevia era um ato de libertação. Era eu pegando aquelas "coisas que não contei" – o pavor, a fragilidade, a sombra da morte – e as domando no papel, dando-lhes forma, cor e, finalmente, sentido.
E nesse processo, veio o choro. Um choro que não era o mesmo de antes.
Porque eu aprendi que “a alma grita quando a lágrima escorre. Não é tristeza, não é solidão. É reencontro, força e ressignificação.”
Aquela lágrima que caía sobre o caderno não era de derrota. Era o grito de alma se encontrando consigo mesma. A Aline criança que sempre quis cuidar, a adolescente, a publicitária, a enfermeira – todas elas estavam naquela lágrima, se reconectando com a mulher que quase partiu, mas que decidiu ficar para contar a história.
Cada lágrima era um degrau na escada de volta para mim mesma. Era força se liquefazendo para ser derramada e, ao secar, revelar uma camada mais resistente de mim. Era a ressignificação em ação: a doença já não era apenas uma tragédia, mas o marco zero de uma nova vida. A dor que paralisou meu corpo foi o mesmo empurrão que libertou minha voz.
Hoje, quando me sento para escrever, não sei se vou rir ou chorar. E tudo bem. Porque sei que por trás de cada lágrima que escorre, há um novo reencontro me esperando. E no rascunho mais idiota, há um fragmento da minha alma, finalmente em paz, gritando em silêncio que valeu a pena ter lutado.
Com amor e resiliência,
Aline Borges.
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Sua missão por aqui ainda não terminou. Por isso Deus te permitiu uma nova vida! Louvado seja Deus! Sua história é inspiradora.
Você é minha inspiração
Você é uma guerreira, seus textos são de muita reflexão e inspiração. Parabéns 👏🏻👏🏻
Sou leitor assíduo dos seus textos. Parabéns 👏!
Sou leitor assíduo dos seus textos. Parabéns 👏!
Sua história é um verdadeiro milagre do céu! Uma história que inspira e renova a gente sabe. Parabens pela força. Beijosss.
voce me inspira,guerreira!parabens!!❤️
Você é uma guerreira .
você é uma guerreira!
Parabéns querida pela sua força ! O recomeço é silencioso e você com toda sua coragem ,decidiu respirar de novo 🙏🙏 bjs 😘
Emocionante!
Fique na paz 🙏🏻
Bjs!!!
Sua luta para viver foi e é um exemplo para todos! Que Deus esteja sempre ao seu lado!
Maravilhosa 🥰🥰🥰🥰
Que a sua escrita seja impulso para tantos que estao lutando batalhas , muitas vezes, internas e solitárias! Vc é 10 !
Minha amiga, acompanhei sua luta e sigo assistindo à renovação da sua força para viver. Um exemplo para nós!