Essas palavras ecoaram dentro de mim hoje. Não como uma novidade, mas como uma confirmação solene. Pareciam um letreiro luminoso piscando, clareando mais uma noite insone. "A vida é curta, mas não precisa ser pequena." Não, não precisa. E te digo mais: nem deve.
Sou feita de contrastes. E o meu predileto é o da tinta preta no papel branco. Neste momento, é a luz fria da tela do celular que contrasta com o quarto escuro. Todos dormem - a casa dorme, mas a mente inquieta, sedenta por palavras, não sossega enquanto não derramar litros e litros de tinta no papel já conhecido dos velhos cadernos guardados.
Levanto em direção à cozinha à procura do meu estojo com canetas coloridas (a 5ª série nunca saiu de mim!). Munida delas, sigo minha saga da escrita na madrugada. Pego o caderno velho e começo a colorir palavras em suas folhas amareladas com o arco-íris que habita minha alma. E enquanto a alegria da criança quintanista me invade, a dor ergue sua voz suave e firme para me lembrar que é hora de parar. De me respeitar. De conhecer meus limites e não ir além, mesmo quando o flow grita e a cabeça ferve – esta mente inquieta de TDAH e AHSD que nunca para. Tudo o que eu menos quero é começar outra crise de dor, essa ladra de tempo, que sequestra dias do meu precioso TEMPO!
A dor crônica contrai o corpo. Contrai o tempo. Mas não o meu olhar sobre o mundo. Pelo contrário: na contração forçada, ele se expande. Procuro ver com os olhos da alma a beleza e a grandeza de cada segundo, o presente escondido em cada instante e o peso sagrado de cada decisão. Não precisa ser rápido, impetuosa, de qualquer jeito. Apenas ser. No meu tempo. O relógio de quem tem dor crônica não trabalha com o chronos, mas com o kairos. Cada segundo tem o tempo de uma eternidade. Tanto para a dor quanto para o amor.
Devemos honrar o tempo da mesma forma como honramos pai e mãe. É um mandamento não escrito, mas gravado no âmago da vida.
Não enxergo bem para fora - tenho miopia. No entanto, a pior cegueira é a que vem de dentro. Aquela que te mantém presa na poça lamacenta, ressecada pela ambição, que não permite enxergar a grandeza de cada segundo. O tempo é infinito; a vida aqui, não. Nossa passagem há de ser construída para ecoar na eternidade, tijolo por tijolo. E o cimento é a fé.
E agora, eu te pergunto: o que você tem feito para tornar a sua vida imensa e merecedora do tempo que lhe foi presenteado?
Com amor,
Aline Borges.
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Eu tenho feito o bem, acreditado nos meus sonhos e mantido a fé de que tudo o que é meu está a caminho. ✨💫
Linda reflexão, amiga — porque a vida devolve na mesma medida daquilo que a gente espalha.” 💖
Você me emociona. 😘