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12/11/2025 09:00 | Editorial

Árvores cortadas para obra do Super Bom geram indignação

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O que aconteceu

No final de outubro de 2025, foi autorizada a remoção de 13 árvores localizadas no passeio público da Avenida Felipe Uebé com a Avenida 28 de Março, em Campos dos Goytacazes. As árvores foram retiradas como parte das obras de instalação de uma nova unidade da rede Super Bom, pertencente ao Grupo Barcelos.

A empresa havia anunciado previamente a nova loja na cidade, alegando que o imóvel (antes ocupado por outra rede) passaria por reformas e melhorias para inauguração no segundo semestre de 2025.


A Prefeitura Municipal teria dado anuência ao corte — o que aciona debate sobre meio ambiente, memória urbana e o conceito de “progresso”.

Por que a polêmica

Valor afetivo e ambiental: Moradores argumentam que as árvores estavam há décadas naquele local, eram parte da paisagem urbana e da memória coletiva. “As árvores presentes há anos não causavam transtornos e eram símbolo da cidade.”

Esperado plantio de compensação vs. ação concreta: Mesmo com promessas de novos plantios por parte da empresa ou do poder público, críticos afirmam que transfazer mudas não substitui o valor de espécimes antigos. “Não se replantam histórias.” como chegou a ser escrito.

Transparência e participação: Há questionamentos sobre se a comunidade foi efetivamente consultada ou informada com antecedência sobre os impactos da obra e do corte das árvores.

Sinal simbólico: O ato de retirar árvores maduras para abrir espaço a uma obra é visto por muitos como um símbolo de que o desenvolvimento em Campos pode privilegiar o concreto em detrimento do verde, o que gera antagonismo com políticas de sustentabilidade ou preservação da memória urbana.

Posicionamento da empresa e da Prefeitura

O Grupo Barcelos informou que a remoção foi “autorizada” e necessária para a obra.

A empresa/postagem no Instagram mencionava que “em tempos de preservação do meio-ambiente, o Grupo Barcelos (Super Bom), em parceria com a Prefeitura de Campos dos Goytacazes, RJ…” faria ações de reflorestamento.


Contudo, não há informações públicas detalhadas sobre: o número de mudas que serão plantadas, onde elas serão plantadas, calendário ou acompanhamento de cumprimento, nem compensação por perda de sombra, biodiversidade ou valor estético das árvores retiradas.

Implicações para a cidade

Ambiental: Árvores maduras oferecem sombra, regulam o microclima local, ajudam na retenção de água e constituem habitat urbano. Substituir por obras edificadas substitui essas funções — compensar com mudas levará décadas para atingir equivalência.

Urbanística e simbólica: A retirada dessas árvores em via principal pode alterar o caráter da avenida, afetar a percepção de bem-estar e pertencimento dos moradores.

Governança: A forma como esse tipo de obra com impacto ambiental/urbano é conduzida licença, comunicação, mitigação tem reflexo na confiança da sociedade com o poder público local.

Desenvolvimento vs. preservação: Esse episódio levanta o dilema clássico de muitas cidades: como conciliar infraestrutura/comércio e espaços verdes/memória urbana. Que tipo de “progresso” se quer em Campos dos Goytacazes?

Perguntas que ficam no ar

Qual o laudo ou parecer técnico que autorizou a remoção dessas 13 árvores? Havia alternativa de remanejamento ou mudança de projeto para preservá-las?

Qual o cronograma e local concreto para a compensação de mudas? Quantas e qual espécie? Quem fará o acompanhamento?

Qual a participação da comunidade no processo de decisão? Existiu audiência pública ou aviso prévio além de comunicação informal?

Como será avaliados os impactos sobre microclima, sombra e paisagem local? Haverá medição ou estudo comparativo antes/depois?

Como se equilibra a necessidade de novas unidades comerciais (e emprego que podem gerar) com o bem-estar urbano de residentes próximos?

Considerações finais

A instalação da nova loja do Super Bom em Campos dos Goytacazes pode trazer benefícios econômicos e de oferta ao comercio local. Mas o modo como foi conduzido o corte de árvores antigas — que faziam parte da paisagem da avenida — tornou-se um símbolo de tensão entre o “fazer crescer” e o “preservar”.

Para que esse episódio não se transforme apenas em mais um caso de conflito urbano-ambiental, seria importante que a promessa de plantio não fique apenas no papel. Transparência, acompanhamento e envolvimento da comunidade podem fazer a diferença. Caso contrário, a cidade corre o risco de perder não apenas árvores — mas também parte de sua história e identidade.

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