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13/11/2025 00:21 | Robótica

MP vai usar técnica de reconstrução de corpos em 3D para avaliar mortes em megaoperação

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Tecnologia busca detalhar trajetórias de tiros e causas das mortes, trazendo mais precisão às investigações

O Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) informou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que está utilizando uma técnica avançada de reconstrução tridimensional (3D) para analisar as mortes ocorridas durante a megaoperação policial realizada nos complexos do Alemão e da Penha, na zona norte do Rio. A ação, considerada a mais letal da história do estado, deixou 121 mortos.

De acordo com o MP, a técnica tem como objetivo reconstituir com precisão as lesões, trajetórias de projéteis e dinâmicas dos confrontos, permitindo uma avaliação mais detalhada das circunstâncias de cada morte. Os corpos estão sendo escaneados em alta resolução, gerando modelos digitais tridimensionais que poderão ser analisados por peritos e médicos legistas.

Tecnologia e metodologia

A reconstrução 3D é realizada a partir de escaneamentos de superfície e exames de imagem dos corpos, além da digitalização de evidências coletadas durante as necropsias. As informações são processadas em softwares especializados, que permitem visualizar e medir, com exatidão, a trajetória de disparos, ângulos de impacto e características das lesões.

Esse procedimento é considerado um avanço tecnológico na perícia criminal, pois oferece dados visuais e métricos mais completos do que a análise tradicional em duas dimensões. O método também contribui para a preservação das evidências e evita a perda de informações em casos de exumações ou reanálises futuras.

Contexto da operação

A megaoperação policial contou com mais de 2.500 agentes das polícias Civil e Militar e teve como objetivo o combate a facções criminosas. Entretanto, a elevada letalidade do confronto provocou forte repercussão e levou o STF a solicitar esclarecimentos sobre o uso da força e a condução das ações.

Com o uso da tecnologia 3D, o MP-RJ pretende identificar com maior clareza se houve execuções, disparos à curta distância ou outros elementos que possam caracterizar abuso de poder ou excesso policial.

Transparência e rigor técnico

Segundo o procurador-geral de Justiça, a aplicação dessa tecnologia é uma forma de garantir mais transparência e embasamento técnico às investigações, evitando conclusões precipitadas e assegurando que cada caso seja analisado de forma individualizada.

Os peritos também estão utilizando ferramentas digitais para catalogar roupas, objetos pessoais e resíduos de pólvora, compondo um banco de dados que integrará todas as análises. A expectativa é que o trabalho gere um relatório detalhado para cada vítima, com base científica e comprovação visual.

Desafios e próximos passos

Apesar dos avanços, o processo é complexo e demanda tempo, equipamentos de alta precisão e uma equipe multidisciplinar de especialistas. O MP reconhece que a conclusão dos laudos ainda levará algumas semanas, mas afirma que o uso da reconstrução digital representa um salto de qualidade nas investigações sobre letalidade policial.

A adoção dessa metodologia também abre caminho para que outras investigações no país utilizem recursos semelhantes, fortalecendo a perícia técnica e a busca por justiça em operações de grande impacto.

Conclusão

O uso da reconstrução de corpos em 3D marca uma nova fase na atuação pericial do Ministério Público. A iniciativa une tecnologia e ciência para garantir transparência, precisão e imparcialidade na apuração de uma das operações mais controversas da história do Rio de Janeiro.

Mais do que um recurso técnico, a medida representa um compromisso com a verdade e a responsabilidade pública diante de um episódio que abalou o país.

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