Na minha sala, repousam duas muletas.
A primeira é de metal, tem quatro apoios, e chamo carinhosamente de Maria (e por quê Maria? Porque “Maria passa à frente!”). Ela me equilibra o corpo, evita quedas, desloca comigo pela casa — é fiel, previsível, necessária.
A segunda muleta não é visível, mas habita cada centímetro da estante: são os livros. Pilhas de palavras, mundos encadernados, conhecimento em camadas.
E entre uma e outra, uma verdade se impôs com clareza cristalina: existem dois tipos de muletas na vida.
A primeira, como a Maria, é o apoio que sustenta o corpo quando ele fragiliza. Não é sinal de fraqueza, mas de inteligência — um instrumento de liberdade que nos permite não parar.
Mas o que fazemos quando é a alma que manca? Quando é o espírito que precisa de equilíbrio?
É aí que ergo a segunda muleta: o conhecimento.
Para mim, escritora que se apoia nas palavras, o estudo é meu arcabouço invisível. Os livros não são apenas leitura; são nutrição, sustento e fundação.
Como disse Leonardo da Vinci: “O conhecimento torna a alma jovem e diminui a amargura da velhice.” É essa juventude de ideias que me levanta todos os dias.
Porque uma muleta segura o passo; um livro abre caminhos.
Uma evita que eu caia; a outra me ensina a levantar — sempre.
E não há nada errado em se apoiar na Maria enquanto degustamos um bom livro.
A vida do crônico é uma caixinha de surpresas: se hoje ando sem apoio, amanhã posso precisar de mais — talvez uma cadeira de rodas, quem sabe?
Mas em qualquer cenário, sob qualquer circunstância, eu sei que seguirei com um livro nas mãos. Ou no Kindle.
Porque os livros são a muleta que nunca me falta.
E acima de todas as muletas, está Aquele que é o Alicerce: Jesus, a base que não treme.
Por isso, fiz minha escolha: decidi me apoiar no conhecimento.
Escolhi a firmeza dos fatos e a leveza das ideias como muleta para a alma.
Porque sim, sou escritora. E sem estudo, sem a muleta da alma, eu desabo.
Com ela, mesmo mancando… eu voo.
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