A vida é esse fluxo contínuo que nunca se repete da mesma forma. Ela escapa entre os dedos justamente por ser impermanente, por não obedecer a nenhum roteiro fixo. Cada dia traz a chance de começar algo e abandonar outra coisa; de acolher o novo e desapegar do que já não serve. Viver é, antes de tudo, aceitar que nada permanece igual — nem nós, nem os outros, nem o mundo.
Ao longo do caminho, encontramos ciclos: tempos de expansão e tempos de recolhimento, fases de brilho e fases de sombra. Há momentos em que parecemos voar alto, seguros e fortes, e outros em que sentimos o peso da queda. E como diz a música de Beto Guedes - Amor de índio - “...a abelha fazendo mel vale o tempo que não voou...” — porque há fases em que precisamos recolher energia, construir, preparar, antes de levantar voo novamente. Há o tempo de fazer o mel e há o tempo de voar, e ambos são igualmente valiosos.
É justamente essa alternância que nos molda. As dores afinam nossa sensibilidade, e as alegrias reacendem nossa esperança. O sofrer nos mostra limites, o amar nos revela possibilidades. Cada experiência — boa ou ruim — compõe o tecido da nossa história e nos transforma em alguém mais profundo, mais consciente, mais capaz de compreender a si mesmo e o outro. E nessa dança entre recolher e expandir, vamos aprendendo a respeitar nossos próprios ritmos.
E, apesar de todas as incertezas, há algo que permanece em todos nós: a capacidade de ser feliz. Não uma felicidade constante e perfeita, mas uma habilidade interna de encontrar sentido, de cultivar pequenas alegrias, de se reconstruir depois da queda. A vida não promete estabilidade, mas oferece a todos a chance de florescer — e entender que tanto o trabalho silencioso do “fazer o mel” quanto o impulso livre do “voar” fazem parte da beleza de existir.
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